segunda-feira, 30 de julho de 2007

A casa delas

Nova cidade, nova vida e, por conseguinte, novo lar. Mas elas sabem, não foi tão fácil assim encontrar a tão sonhada moradia na Austrália. Primeiro porquê para quem veio do Brasil pensar em dividir a casa com um desconhecido parecia roteiro de filme; muito longe da realidade carioca. Depois, foi a vez do dilema de procurar um quarto para duas, bem localizado, por um bom preço e com alguém que tivesse pelo menos uma cara amistosa.
A missão começou em um site de internet. Estranho para quem sequer imaginou oferecer uma parte da casa para um desconhecido. As primeiras buscas não foram tão entusiasmadas, já que a primeira temporada na terra dos cangurus seria em solo de brazucas. Mas depois de alguns dias de festinhas, bebidas e noites mais ou menos dormidas eis que a necessidade falou mais alto, e lá foram elas, enfim, atrás da casa dos sonhos.
Que tal um apartamento com vista para o mar, sala espaçosa, uma japonesa até simpática, com um cachorro também simpático, e um quarto para duas com banheiro? Parecia ser um prêmio da mega-sena. Empolgação à primeira vista, decepção poucos dias depois. O tal cara que alugaria o quarto pediu mais tempo, e isso era o que as duas menos tinham para gastar por aqui.
A luta continuou, como já dizia o presidente Lula. Nos momentos finais, já perto do fim da temporada em solo brazuca na Austrália, o desespero bateu. Uma bela manhã, que parecia perfeita para dormir e sair para passear, elas passaram no orelhão, que aqui se paga 50 centavos para usar, ligando para todas as opções que lhes pareciam interessante.
Visita aqui, visita acolá, e enfim, ela apareceu. Exatamente no lugar onde elas sonharam morar...vista para o mar de Tamarama - se não o mais, um dos mais bonitos, um flatmate com um sorriso largo e paz de espírito, um preço extremamente atrativo - se levada em consideração a gama de vantagens, pouco espaçoso, mas bem decorado, perto da escola, da praia, do parque, do ponto de ônibus, do pub, do restaurante, do supermercado...Bingo!
A mudança foi feita na hora certa. A vida começa na Austrália, em paz, de frente para o mar, morando com um nativo de Bermuda – o que deve ser muito raro de se conseguir, que cresceu na Inglaterra, e portanto tem inglês super ultra mega correto, mora há 15 anos na Austrália. Foi casado com uma australiana durante cinco anos, é filho de um bancário e uma professora, tem quatro irmãos, é jornalista, porém não escreve mais, adotou a profissão de paparazzi mas intercala a rotina de fotos com um roteiro de filme, ensina expressões novas, palavras mais informais, corrige erros e ainda por cima trata as duas como se fossem melhores amigas.

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