terça-feira, 2 de junho de 2009

Voar, voar, voar...

Nunca tive medo de aviao. Na verdade, desde pequena via aquele passaro mecanico no ar e pensava, "um dia estarei ali dentro". Minha primeira experiencia on air foi um tanto engracada. Do aeroporto Santos Dumont, no Rio, seguiria para Porto Seguro, em um voo com 1h50min de duracao. Pra variar, mamae e papai me acompanhavam na empreitada, mas so ate o saguao. Dali em diante, quem partia junto comigo, on board, era a amiga e companheira de aventuras Patty Beijo!

Depois de todo o procedimento de check-in, ticket e sala de espera, chegamos a um modelo, que nao faco ideia de qual era, da entao nova companhia aerea brasileira Gol (a mais barata, diga-se de passagem). Ao ver aquele monstro na minha frente (que nem era tao grande assim), deu um medinho, mas nada que me impedisse de, pela primeira vez, tirar os pes e o corpo do chao, literalmente.

A decolagem foi tranquila; ate porque sentamos com uma figura experiente em subir e descer das alturas, o niteroiense Tiago. Ele, malandro, percebeu logo de cara que suas duas companheiras de assento eram "novatas" no assunto, e resolveu nos entreter e assim nos deixar mais "relaxadas". Eu e Patty, embora apreensivas por ser a primeira vez, nos saimos bem no primeiro momento. O frio na barriga, de verdade, so veio com a aterrissagem na terra do acaraje. Ate a hora em que o piloto anunciou o pouso estava tudo bem, mas ao tocarmos o solo baiano, ui, o estomago veio de encontro a garganta. Aquela freiada brusca para parar o passaro mecanico me deu panico, e achei que aquela coisa nao ia parar nunca. Sensacao que pude ver sendo compartilhada com minha amiga Patty.

Na volta de Porto Seguro, ja sabia que teria o momento da freiada brusca no Santos Dumont, e alem disso, tinha a certeza de que em algum momento o aviao pararia sem que precisasse cruzar a baia de Guanabara por dentro.

Depois da "primeira vez", que como diz o ditado a gente nunca esquece, passei a gostar e a desejar um proximo momento perto das nuvens. Afinal, nada se compara em ver o Rio de Janeiro por cima. Ate as favelas ajudam a compor o visual que contempla o Cristo Redentor e suas montanhas ao redor, cercadas pelo mar.

Dai em diante, voei para Sao Paulo e Porto Alegre, ate decidir alcas novos voos e partir para a primeira viagem internacional. Como nao poderia deixar de ser, a aventureira aqui resolveu parar literalmente do outro lado do mundo. Rumo a Australia. Sim, foram nada mais, nada menos que 23 horas voando! E nada de medo ou frio na barriga!

Embora cada uma tenha suas particularidades, Sidney e Rio sao cidades banhadas pelo mar, e por isso, a paisagem do alto e sempre um presente para quem esta nos ceus. Ao ouvir "em cinco minutos pousaremos no aeroporto internacional da cidade" fiz questao de olhar e contemplar o visual extraordinario da baia de Sidney. Sim, do alto e possivel ver a Harbour Bridge e a Opera House. Tao lindo quanto ver o Cristo Redentor, de bracos abertos para a Guanabara. E vale ressaltar que foi quando, finalmente, me senti do outro lado do mundo.

Ja fiz a viagem Sidney-Rio quatro vezes. Confesso que cada uma delas teve seu momento especial. E por incrivel que pareca, nao senti medo em momento algum.

Toda esta introducao sobre minha "curta" experiencia nos ares, foi para solidarizar com as 228 familias que perderam um ente querido no acidente que aconteceu ontem com o voo que partiu do Rio para Paris, e se perdeu no Oceano Atlantico.

De fato, e impossivel conforta-los com palavras, mas minha singela opiniao e que estando em um aviao, a sensacao e de estar bem perto do ceu. Claro, nao pretendo morrer em um acidente aereo (que deve ser horrivel), mas embora seja triste, me passa a sensacao de que de alguma maneira existe um momento de interacao com o paraiso. Enfim, fica aqui minhas condolencias as vitimas e parentes.

E ah, embarco em um aviao em 5 semanas com destino a Indonesia. Medo? Jamais! I want to fly!